Se você gosta de design e arquitetura, já deve ter visto alguma obra da genial arquiteta Zaha Hadid. Ela é reconhecida mundialmente como a “rainha das curvas”, pela ousadia dos seus projetos não lineares e desconstrutivos, acompanhados por lindas curvas inspiradas na natureza e traços orgânicos.
Zaha Hadid foi a arquiteta mais famosa e premiada do mundo e inspirou toda uma geração de mulheres arquitetas.
Um dos seus trabalhos com maior visibilidade internacional foi, em 2011, a construção do Centro Aquático de Londres, para as Olimpíadas do ano seguinte. Nesse projeto, Zaha Hadid se inspirou na fluidez da água, criando desenhos com a sua marca registrada: as curvas!
O Centro Rosenthal de Arte Contemporânea, em Ohio, nos Estados Unidos, é outro bom exemplo da arquitetura desconstrutiva de Zaha Hadid.
Zaha Hadid, após uma carreira brilhante que deixou um legado de grandes obras pelo planeta, faleceu subitamente em 2016, aos 65 anos, após sofrer um ataque cardíaco em um hospital de Miami, nos Estados Unidos.
A arquiteta nasceu em Bagdá, no Iraque, em 1950, e foi naturalizada britânica. A primeira formação de Zaha Hadid foi a de Matemática, na Universidade Americana de Beirute, no Líbano.
Somente aos 22 anos, em 1972, ela começou no mundo da arquitetura, quando se matriculou numa instituição de grande prestígio na área, a Architectural Association School of Architectures's, em Londres.
Foi nesse local que Zaha conheceu dois professores, Rem Koolhaas e Elia Zenghelis, que tiveram grande importância no seu início de carreira. Ela trabalhou no conceituado estúdio de análise cultural e arquitetura, Office for Metropolitan Architecture, fundado justamente por esses dois professores.
A parceria entre os três permaneceu entre 1977 e 1981. Foi uma fase importante para a formação de Zaha Hadid. Um dos trabalhos de destaque desenvolvidos pelo trio foi a ampliação do Parlamento Holandês, no final da década de 70. Ele foi criado com a combinação de ideias dos três, mas que se integravam.
Quando deixou essa parceira, a arquiteta criou o seu próprio escritório, em Londres, o Zaha Hadid Architects. A partir daí seu nome começou a ganhar fama internacional – e de maneira meteórica.
No final da década de 80 surgia na arquitetura um movimento em oposição ao estilo moderno. Sua principal característica era a desconstrução das formas lineares e linhas ortogonais tradicionais da arquitetura. Foi junto a esse movimento que despontou o trabalho sensacional de Zaha.
E ela foi ganhando fama graças aos seus projetos com linhas futuristas, formas limpas e puras, bem como a fragmentação do desenho arquitetônico – características que mostram a influência da corrente desconstrutivista em sua carreira.
As obras de Zaha Hadid transcendem de maneira inovadora a arquitetura tradicional!
Seus projetos provocam assuntos que colocam a própria arquitetura e o seu futuro no centro dos debates. Isso por que ela sempre buscou em suas obras inter-relacionar design, arquitetura e urbanismo.
“Há uma linha tênue entre elegância e vulgaridade, beleza e feiúra. Eu acho que o trabalho radical pode ser lindo ou horrível, mesmo que ninguém queira fazer coisas feias. O verdadeiro desafio da arte são as ideias”, afirmou ela.
Apesar da genialidade de Zaha Hadid em seus traços únicos, muitos dos seus projetos arquitetônicos premiados nunca saíram do papel.
Por isso, no início de sua carreira, Hadid era mais conhecida pelos projetos de obras não construídas, especialmente pelo projeto vencedor do concurso The Peak, em 1982, em Hong Kong, e pela Cardiff Bay Opera House, em 1994, no País de Gales.
Mesmo nunca construído, The Peak é considerado pelos especialistas um dos trabalhos mais significativos de Zaha Hadid. As formas projetadas por Zaha eram tão revolucionárias que muitos questionavam se poderiam ser realmente construídas!
O primeiro projeto elaborado pelo seu escritório veio em 1993. Ela foi selecionada para projetar o prédio do corpo de bombeiros do campus de design Vitra, na Alemanha, após um incêndio destruir a edificação. Esse trabalho, definitivamente, colocava seu nome e estilo no mapa da arquitetura global.
Um dos momentos de maior glória da sua carreira aconteceu em 2004. Zaha se tornou a primeira mulher a ganhar o prêmio “Pritzker de Arquitetura”, a maior referência internacional de premiação da área.
Ao receber o prêmio, no seu discurso, ela lembrou dos seus antigos professores e parceiros: “O entendimento e o entusiasmo deles pela arquitetura acenderam minha ambição, e o encorajamento deles me ensinou a confiar até nas minhas intuições mais estranhas”.
Quatro anos depois, a arquiteta figurou na lista das 100 mulheres mais influentes do mundo, segundo a revista Forbes, ocupando a 69ª posição no ranking.
Em 2012, Zaha Hadid foi eleita “Dama da Ordem do Império Britânico”, uma das mais significativas honrarias do Reino Unido, por conta de seu brilhante legado na arquitetura contemporânea.
Ela foi premiada 19 vezes em diversas categorias do RIBA (Royal Institute of British Architects), um das premiações mais respeitadas da Europa. Zaha foi a primeira mulher a ser reconhecida pelo Instituto.
Numa dessas premiações, ao receber sua Medalha de Ouro, ela disse uma das suas mais famosas frases em defesa das mulheres na arquitetura:
“Hoje em dia vemos o tempo todo mais arquitetas estabelecidas. Mas isto não significa que seja fácil. Às vezes os desafios são imensos. Houve uma mudança tremenda nos últimos anos e vamos continuar com este progresso”.
Praticamente todo ano, seu escritório recebeu um prêmio, comprovando a excelência de seu trabalho e sua forte influência mundial, mesmo após sua morte.
A ousadia e o talento de Zaha Hadid também foram cercados de polêmicas por terem custos muito elevados. Um exemplo foi o projeto futurístico que criou para a Olimpíada de 2020, em Tóquio: um estádio orçado em US$ 2 bilhões. Mas a organização do evento optou por um desenho mais simples – e barato.
Zaha Hadid tem inúmeras obras de destaque espalhados pelo mundo. São projetos de grande importância para a arquitetura.
Confira alguns desses trabalhos:
Casa da Opera de Guangzhou. Foi inaugurado em 2011. É o projeto de um teatro à beira do rio Guangdong, na China, tendo a natureza como principal inspiração, como a maioria dos seus trabalhos.
Museu Maxxi: Zaha Hadid teve o desafio de projetar o prédio do primeiro museu de arte contemporânea de Roma, em 1998. Para isso, a arquiteta optou pela construção de um espaço que pode ser utilizado de diferentes formas, dividindo o local entre arte e arquitetura. Ela foi premiada por esse projeto em 2010.
Galaxy Soho: é um edifício complexo urbano localizado em Pequim, na China, projetado por Zaha e construído entre 2009 e 2012.
Seu escritório atendeu, até hoje, encomendas de diversas escalas, desde obras culturais e corporativas até projetos residenciais, somando perto de 1.000 projetos em mais de 40 países.
