Semana passada, no dia 12 de setembro, o imponente Theatro Municipal de São Paulo fez aniversário. Inaugurado em 1911, o prédio completou 110 anos de existência. Ele é uma das obras do arquiteto Francisco Ramos de Azevedo.
Este teatro é um dos orgulhos arquitetônicos da capital paulista, sabia?
Foi, por exemplo, uma das primeiras construções do Brasil a ser iluminada com energia elétrica e tinha como missão atender aos desejos da elite paulistana da época, que buscava em São Paulo um espaço cultural à altura das principais capitais europeias.
Por isso mesmo, o Theatro Municipal de São Paulo foi claramente inspirado na Ópera de Paris!
Este é um dos trabalhos mais famosos de Ramos de Azevedo. Vamos conhecer um pouco da história desse arquiteto que virou até nome de praça na capital paulista?
Ramos de Azevedo nasceu no Guarujá (SP), em 8 de dezembro de 1851, e faleceu em 1º de junho de 1928, aos 76 anos. Ao longo desses anos, tornou-se um profissional genial.
Ainda jovem, foi para Bélgica estudar Engenharia Civil. Lá, segundo contam seus biógrafos, mudou de carreira para a Arquitetura, seguindo recomendação do diretor do curso de Arquitetura da escola, que vislumbrava seu talento para o ofício.
Estudou arquitetura clássica, mas foi influenciado depois pelo chamado ecletismo arquitetônico – uma linha que misturava estilos arquitetônicos do passado para a criação de uma nova linguagem arquitetônica.
Quando terminou seus estudos, Ramos de Azevedo montou seu primeiro escritório em Campinas. Lá, em sua homenagem, foi inaugurada em 2008 a rodoviária com o nome de Terminal Multimodal Ramos de Azevedo.
Em Campinas, Ramos de Azevedo foi responsável pela conclusão da construção da catedral da cidade, o primeiro dos seus grandes trabalhos. Logo, no final do século 19, a classe alta paulistana começou a convidá-lo para projetar suas residências - e Azevedo acabou se tornando um forte influenciador da arquitetura local.
Foi assim que nasceu em São Paulo o Escritório Ramos de Azevedo, o maior e mais longevo escritório de arquitetura do Brasil. Ele operou entre a última década do século 19 e as três primeiras do século 20 e chegou a empregar cerca de 500 funcionários.
Desse escritório saiu a maioria dos projetos residenciais da elite da cidade e os principais projetos públicos de São Paulo no período.
Pelo conjunto do seu trabalho em São Paulo, Ramos de Azevedo ganhou um monumento em frente ao Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (onde também atuou como diretor), na Avenida Tiradentes. Depois, por conta de obras do metrô, na década de 70, esse monumento foi transportado para o campus da Universidade de São Paulo (USP) e, posteriormente, para a Praça Ramos de Azevedo, no Centro.
Além das construções na cidade de São Paulo e no interior do estado, o Escritório Ramos de Azevedo também participava de todas as grandes licitações pelo Brasil, tendo grande prestígio em seu segmento. No ano de 2015, por exemplo, o Centro Cultural Correios São Paulo realizou uma exposição intitulada “Escritório Ramos de Azevedo: a arquitetura e a cidade”.
Além do Theatro Municipal de São Paulo, já mencionado, muitas obras de Ramos de Azevedo integram a paisagem paulistana e, várias delas, fazem parte dos principais cartões-postais da cidade.
Vamos conhecer um pouco mais sobre algumas delas?
O Palácio das Indústrias, no Parque Dom Pedro II, no centro, foi projetado por ele, juntamente com outros dois arquitetos: Domiziano Rossi e Ricardo Severo. É um dos patrimônios históricos tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico do estado de São Paulo.
O edifício tem estilo arquitetônico eclético e foi criado para receber exposições relacionadas à indústria paulista. Foi inaugurado em 1924. Hoje funciona lá o Museu Catavento Cultural, dedicado às ciências e tecnologia.
O Palácio de Justiça, sede do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, próximo da Catedral da Sé, é outra obra do Escritório Ramos de Azevedo, mas neste caso seu fundador não viu a conclusão da obra. Ele faleceu em 1928, e o prédio só foi concluído em 1933.
Ramos de Azevedo foi contratado em 1911 para este projeto, mas, além da sua morte, também a Revolução Paulista de 1924 prejudicou as obras. O edifício foi construído em estilo neoclássico com cunho barroco, com acabamentos luxuosos e bem ornamentados.
Ramos de Azevedo e o arquiteto Domiziano Rossi projetam a Pinacoteca do Estado de São Paulo, um dos mais importantes museus de arte do Brasil. É o mais antigo museu de arte de São Paulo, fundado em 1905.
O Palácio dos Correios, no Centro de São Paulo, também projetado pelo escritório de Azevedo, foi inaugurado em 1922. Em 2012 o imóvel foi tombado pelo Departamento do Patrimônio Histórico. Trata-se, portanto, de um dos mais significativos conjuntos da arquitetura do início do século 20 na cidade.
A belíssima Casa das Rosas, na Avenida Paulista, foi construída em 1935 a partir do projeto desenvolvido pelo escritório sucessor de Ramos de Azevedo, após sua morte. Mas ela é considerada parte de sua obra.
A Casa das Rosas é um casarão no estilo clássico francês que reúne manifestações culturais, com foco em literatura e poesia.
É um dos edifícios remanescente da época inicial de ocupação do local, na qual a Avenida Paulista era repleta desses grandes casarões. Tem grande importância por ser um dos poucos restantes desse período.
Para saber mais sobre o Theatro Municipal de São Paulo, clique aqui.
Para ler outros textos sobre aquitetura e design, clique aqui.
